Mais uma novidade dos cigarros eletrônicos está repercutindo e preocupando as entidades médicas: o vape de vitaminas. A opção se apresenta como um concentrado vitamínico, sem nicotina, com absorção de nutrientes pela mucosa, e promete manter a alta performance diária, sem danos à saúde. “A intensidade, fará você ter dias mais produtivos e a longo prazo perceber que as vantagens são ainda melhores”, anuncia uma propaganda do dispositivo.
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A novidade foi lançada pela empresa Iz Health. Após repercussão, a propaganda, bem como os perfis da marca nas redes sociais, foram deletados — entretanto, o produto segue à venda em outros sites. Contudo, tal comercialização é ilegal no País. “A Anvisa esclarece que não existe autorização no Brasil para quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), sendo proibida a comercialização, a importação e a propaganda desses produtos, independentemente de sua composição e finalidade”, declara a Agência Nacional de Vigilância Sanitária em nota.
Paulo Corrêa, pneumologista e coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), alerta que não existe cigarro eletrônico saudável, assim como as opções tradicionais. Esse tipo de dispositivo, inclusive, pode ter vazamento de metais que provocam alterações na saúde. “O níquel, por exemplo, está de duas a 100 vezes mais elevado nos usuários do cigarro eletrônico do que nos cigarros convencionais. (…) Isso já foi associado ao câncer de pulmão e câncer de seios paranasais”, informa o profissional.
Vape de vitamina pode ser saudável?
Embora a ideia de vitamina atraia a população geral, Paulo explica que, assim como os medicamentos, a liberação de quaisquer suplementos demanda autorização da comunidade científica. Para isso, as substâncias devem passar “por três fases de ensaios clínicos randomizados e após aprovadas, e se aprovadas em cada uma, passar pela quarta fase: de vigilância pós-comercialização”.
Contrariando as exigências de segurança, “as indústrias de cigarro colocam mentol ou outras coisas nos cigarros convencionais e cigarros eletrônicos e no dia seguinte estão nas ruas”, pontua Paulo. Logo, não se deve confiar em propagandas de cigarros saudáveis.
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O médico pontua, ainda, que a ingestão de vitaminas por via inalatória não é segura e pode, inclusive, causar fibrose pulmonar. “A própria plataforma que a indústria utiliza, o propilenoglicol, não foi estudada do ponto de vista inalatório em seres humanos para saber a sua segurança”, informa.
Por fim, o médico desencoraja o uso de qualquer tipo de cigarro, inclusive eletrônico, com ou sem nicotina, ou vitaminas. “Procure o seu médico especialista em atividade física e/ou nutrição e veja se você é candidata ou não a reposição de vitaminas. Se for necessária, será indicada por um profissional habilitado e sempre por via oral”, conclui o pneumologista.